quarta-feira, 4 de setembro de 2013

TEXTO: O Regozijo do Cheater

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O REGOZIJO DO CHEATER
Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach

Se você é um gamer, deve saber o que é um "cheater". Se você não é, eu te explico: trata-se daquele indivíduo que burla as regras do jogo, adotando comandos viciados que lhes conferem vantagens (seja conseguindo 100% de precisão automática dos tiros, no caso dos First Person Shooter Games seja obtendo uma resistência desproporcional ao dano recebido, no caso dos Massively Multiplayer Online Game) e possibilitam uma vitória fácil contra os jogadores honestos. Um triste exemplo de como o mal sempre ganha!
Mas, "cheater" não é uma invenção da pós-modernidade, muito menos exclusividade do mundo dos games. "Cheater" é todo indivíduo que realiza ações antiéticas, agindo numa direção contrária a uma norma social pré-estabelecida e respeitada pelos demais, adquirindo assim uma vantagem competitiva indevida.
Gostamos de pensar que esse tipo de comportamento se expressa apenas em pessoas com tendências ao crime. Esse raciocínio é apenas em partes corroborado pelas evidências científicas. Há sim variações individuais que favorecem determinadas pessoas a cometerem infrações, mas, em geral, todos nós podemos cometer algum ato antiético. Basta só nos depararmos com a oportunidade. Sabe aquela frase do tempo de sua avó que dizia: “A ocasião faz o ladrão”? Então, parece que é verdade!
Mas, o que leva alguém a trapacear?
Uma pesquisa publicada há dois dias, no "Journal of Personality and Social Psychology", pode ajudar a esclarecer um pouco a motivação do “cheater”.
Surpreendentemente, essa pesquisa demonstrou que - ao contrário do que gostamos de pensar - não nos sentimos mal depois de burlar as regras. Aliás, esse resultado desestabiliza inclusive o paradigma vigente quanto à psicologia da ética, que defende que o ato antiético desencadeia emoções negativas como: vergonha, culpa e ansiedade. Na verdade, o que estes pesquisadores descobriram é que nos sentimos melhor! Infringir as regras pode causar prazer e auto-satisfação.

We propose that voluntary unethical acts not only fail to elicit negative affect, but actually evoke positive affect, a phenomenon we term the “cheater’s high.” The idea that unethical behavior that benefits the self, with no apparent consequences to others, will trigger positive affect is consistent with many anecdotal accounts of dishonesty, theft, and fraud. These accounts include wealthy individuals who delight in shoplifting affordable goods (Seagrave, 2001), joy-riders who steal cars for the thrill (Katz, 1988), and fraudsters who revel in their misdeeds (Abagnale & Redding, 2000). The “cheater’s high” is also related to Ekman’s (2001)concept of “duping delight,” or the exhilaration caused by successfully deceiving others, which to date, lacks an empirical demonstration (DePaulo et al., 2003). (RUEDY et al, p. 06, 2013)

Uma das razões para isso é porque nós, naturalmente, focamos muito mais no benefício imediato que no malefício de longo prazo (uma lição que os compulsivos por comprar com cartão de crédito já estão carecas de saber)!
E, querendo ou não, agir de forma desonesta nos garante pelo menos três grandes benefícios imediatos: 1) Maior acesso aos recursos de qualquer tipo; 2) Maior senso de controle da situação, pois a regra agora é feita por você; 3) Vantagem da quebra de regras, tendo em vista que está enfrentando adversários honestos.
Devido a essa tendência da natureza humana é que todos nós precisamos monitorar o comportamento dos outros (e, esses outros, o nosso). Essas estratégias de monitoramento social visando identificação e punição dos eventuais “cheaters” podem variar desde o “report” (muito utilizados em jogos online para denunciar desonestidades) até a boa e velha "voz de prisão".


Referência:
RUEDY, N. MOORE, C. GINO, F. SCHWEITZER, M. Thecheater's high: the unexpected affective benefits of unethical behavior. Journal of Personality and Social Psychology, 2013.

Fonte da Imagem:

Cheater = http://lvlhealth.com/wp-content/uploads/2012/09/cheater.jpg

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Tenha um dia PLENO!

2 comentários:

  1. Thales,

    E em relação a sentir-se bem, por vencer um jogo sabendo que não usou nenhum tipo de código ou ajuda. Há algum estudo sobre isso?

    Abraços!

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  2. Interessante..
    em resumo, o cara que usa cheat hoje, amanha poderá cometer crimes?
    muito obrigado

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