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Muito obrigado!
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Toda pesquisa é conduzida por seres humanos. Todos os seres humanos estão sujeitos a falhas. Logo, toda pesquisa pode conter erros que alteram seus resultados.
Às vezes, estes erros são acidentais. Outras vezes, infelizmente, são falhas intencionais, provocadas pela resistência em reconhecer que, diante dos dados coletados, os pressupostos e/ou o método estavam equivocados e, diante de um "resultado negativo" o cientista antiético acaba realizando um malabarismo estatístico e/ou falsificam os dados, na tentativa de “comprovar” o que queria desde o princípio.
Por isso que todas as ciências estão vivendo um período chamado de "crise das replicações". Ou seja, diferentes cientistas, filiados a diferentes grupos de pesquisa, estão replicando muitos dos trabalhos cujos resultados aparentemente se mostraram positivos, para verificar se eles realmente são positivos.
O fato é que, devido a essa “crise das replicações”, um "resultado negativo" – que também é um resultado – acaba aparecendo, mais cedo ou mais tarde. O caso que vou relatar na sequência está sendo noticiado nesta semana na imprensa internacional.
Tudo começou seis anos atrás, quando a psicóloga Simone Schnall (e colaboradores) publicou um artigo numa das mais conceituadas revistas científicas da área: a "Psychological Science". Nesse estudo, concluiu-se que quando as pessoas tem a sensação de que estão "limpas", acabam reduzindo o grau de severidade no momento de julgar moralmente uma situação. Entretanto, quem lê apenas o resumo não fica sabendo que apenas 40 sujeitos participaram deste estudo, o que não é um número muito significativo.
No início desse ano, Brent Dennellan (e colaboradores) replicou este estudo supracitado, mas com uma população bem maior (731 sujeitos), e concluiu que a sensação de se sentir “limpo” não afeta a forma como as pessoas julgam moralmente os eventos. Em recente entrevista, ele declarou que a autora do original utilizou convenientemente um grupo pequeno de sujeitos, justamente para aumentar as chances de resultado positivo.
Em entrevista à Science Magazine, Simone Schnall declarou que está se sentindo perseguida pelos seus pares, afinal, este é seu segundo estudo contestado, e isso está gerando insegurança e medo em seus alunos, que geralmente participam como co-autores e temem ter a reputação manchada também. Nessa mesma entrevista, um grupo de cientistas que não quis se identificar apoia a pesquisadora, e endossa sua fala dizendo que também estão se sentindo vítimas de “Bullying” praticado pelos replicadores. Ressalta-se, entretanto, que todos têm direito a defesa, e ela poderá solicitar novas investigações antes de ser condenada por impostura acadêmica (que, quase sempre, termina com o fim da carreira científica).
Porém, faço-me valer da conclusão de Scott Lilienfeld, em seu importante artigo publicado na “American Psychologist” (2012), quando considera que é esse ceticismo com relação aos resultados dos estudos, tanto por parte dos pares, quanto da população leiga, que impulsiona a psicologia.
Logo, se Simone Schnall e estes cientistas anônimos vêm sucessivamente publicando trabalhos duvidosos, é importante que sejam realmente analisados de perto. Isso não é bullying, é cautela! Afinal, se o objetivo das pesquisas em psicologia é entender para melhorar a qualidade de vida das pessoas, essa aplicação prática não dará certo se estiver alicerçada em dados falsos!
Fonte da Imagem:
http://blogs.discovermagazine.com/neuroskeptic/files/2012/10/replication_publications1.jpg
Quem tem medo das Replicações?
- o caso do "Bullying" científico na Psicologia Social -
Toda pesquisa é conduzida por seres humanos. Todos os seres humanos estão sujeitos a falhas. Logo, toda pesquisa pode conter erros que alteram seus resultados.
Às vezes, estes erros são acidentais. Outras vezes, infelizmente, são falhas intencionais, provocadas pela resistência em reconhecer que, diante dos dados coletados, os pressupostos e/ou o método estavam equivocados e, diante de um "resultado negativo" o cientista antiético acaba realizando um malabarismo estatístico e/ou falsificam os dados, na tentativa de “comprovar” o que queria desde o princípio.
Por isso que todas as ciências estão vivendo um período chamado de "crise das replicações". Ou seja, diferentes cientistas, filiados a diferentes grupos de pesquisa, estão replicando muitos dos trabalhos cujos resultados aparentemente se mostraram positivos, para verificar se eles realmente são positivos.
O fato é que, devido a essa “crise das replicações”, um "resultado negativo" – que também é um resultado – acaba aparecendo, mais cedo ou mais tarde. O caso que vou relatar na sequência está sendo noticiado nesta semana na imprensa internacional.
Tudo começou seis anos atrás, quando a psicóloga Simone Schnall (e colaboradores) publicou um artigo numa das mais conceituadas revistas científicas da área: a "Psychological Science". Nesse estudo, concluiu-se que quando as pessoas tem a sensação de que estão "limpas", acabam reduzindo o grau de severidade no momento de julgar moralmente uma situação. Entretanto, quem lê apenas o resumo não fica sabendo que apenas 40 sujeitos participaram deste estudo, o que não é um número muito significativo.
No início desse ano, Brent Dennellan (e colaboradores) replicou este estudo supracitado, mas com uma população bem maior (731 sujeitos), e concluiu que a sensação de se sentir “limpo” não afeta a forma como as pessoas julgam moralmente os eventos. Em recente entrevista, ele declarou que a autora do original utilizou convenientemente um grupo pequeno de sujeitos, justamente para aumentar as chances de resultado positivo.
Em entrevista à Science Magazine, Simone Schnall declarou que está se sentindo perseguida pelos seus pares, afinal, este é seu segundo estudo contestado, e isso está gerando insegurança e medo em seus alunos, que geralmente participam como co-autores e temem ter a reputação manchada também. Nessa mesma entrevista, um grupo de cientistas que não quis se identificar apoia a pesquisadora, e endossa sua fala dizendo que também estão se sentindo vítimas de “Bullying” praticado pelos replicadores. Ressalta-se, entretanto, que todos têm direito a defesa, e ela poderá solicitar novas investigações antes de ser condenada por impostura acadêmica (que, quase sempre, termina com o fim da carreira científica).
Porém, faço-me valer da conclusão de Scott Lilienfeld, em seu importante artigo publicado na “American Psychologist” (2012), quando considera que é esse ceticismo com relação aos resultados dos estudos, tanto por parte dos pares, quanto da população leiga, que impulsiona a psicologia.
Logo, se Simone Schnall e estes cientistas anônimos vêm sucessivamente publicando trabalhos duvidosos, é importante que sejam realmente analisados de perto. Isso não é bullying, é cautela! Afinal, se o objetivo das pesquisas em psicologia é entender para melhorar a qualidade de vida das pessoas, essa aplicação prática não dará certo se estiver alicerçada em dados falsos!
Fonte da Imagem:
http://blogs.discovermagazine.com/neuroskeptic/files/2012/10/replication_publications1.jpg
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Tenha um dia PLENO!
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