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PIRIGUETES NÃO SENTEM
FRIO?
Por Thales
Vianna Coutinho
Estou
escrevendo esse texto movido pela conversa que tive com uma conhecida de mais
idade que recentemente foi assistir a um show numa casa noturna bastante
frequentada pelos joinvillenses, e ficou impressionada ao ver muitas jovens
trajando shorts e/ou vestidos extremamente curtos, apesar da temperatura
ambiente estar pouco acima dos 10°C. No meio do desabafo indignado ela acabou
por reproduzir a famosa piada, cada vez mais frequente na internet, que diz
algo do tipo: “Só tem duas criaturas na
Terra que não sentem frio, os pinguins e as piriguetes” (para aqueles não
familiarizados com o termo, “piriguete” é um substantivo que, em contextos
populares, representa mulheres cuja preferência é pela variedade de
relacionamentos).
Meu
objetivo aqui é discutir – ainda que sucintamente – as bases científicas desse
comportamento, e assim poder reduzir o preconceito que existe com relação ao
tema.
Antes
de tudo é importante esclarecer que, diferentemente da forma como muitos gostam
de pensar, nem todos desejam um único amor para a vida toda. A psicologia já
identificou a existência de duas estratégias com o objetivo de selecionar
parceiros(as). Existe a “Estratégia Restrita”, em que a pessoa está em busca de
um grande amor para a vida toda; e a “Estratégia Irrestrita”, em que a pessoa
não está interessada em manter um único relacionamento, mas sim variar de
parceiro(a) constantemente. Uma estratégia não é melhor, nem pior que a outra,
ambas tem vantagens e desvantagens características. O conceito de “piriguete”
nos permite concluir que se trata de uma mulher com preferência pela estratégia
irrestrita, afinal, a busca pela variedade de relacionamentos (característica
das piriguetes) é justamente o que define esta estratégia.
Contudo,
para iniciar um relacionamento qualquer é preciso primeiro chamar a atenção da
outra pessoa. E as mulheres fazem isso, principalmente, reduzindo o volume de
roupa utilizada. Ao descobrir sua pele, as mulheres atraem os olhares
masculinos. Foi isso que minha amiga viu naquele dia na danceteria: mulheres
(chamadas de piriguetes) usando roupas extremamente curtas com o objetivo de
atrair uma maior quantidade de homens.
Mas
o que há na danceteria, que parece reunir todas as piriguetes da cidade? Existem
evidências demonstrando que os clubes noturnos são ambientes mais propícios
para aqueles adeptos da estratégia irrestrita, a grande maioria das pessoas que
estão dentro das boates estão justamente buscando essa variedade de
parceiros(as). Logo, é perfeitamente natural que as tais piriguetes busquem com
frequência este tipo de ambiente que favorece sua estratégia.
Isso
nos leva a concluir que, diferente das piadas da internet, as piriguetes sentem
frio sim ao dançar com vestido curto numa noite de inverno, porém, “sentir
frio” é o preço que elas pagam por estar adotando uma estratégia que há curto
prazo irá permitir que ela alcance a felicidade desejada. O fato é que todos
nós pagamos o preço pelas atitudes que tomamos, por isso é mais sábio respeitar
ao invés de debochar do preço que o outro aceitou pagar por aquilo que ele
decidiu. E o respeito vem com o conhecimento, conforme já dizia o grande Anton Chekhov:
“A Humanidade só poderá crescer, quando compreender
como exatamente é!”.
REFERENCIAS:
1. COUTINHO,
T. A Princesa & O Cafajeste: A
Psicologia do Amor. Palestra, 2012. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=YPqiBl3G8Kg&feature=context-cha
2. DURANTE,
K. et al. Changes in women's choice of
dress across the ovulatory cycle: naturalistic and laboratory task-based
evidence. Personality and Social Psychology Bulletin, vol. 34, 2008.
3. HENDRIE,
C. et al. Evidence to suggest that
nightclubs function as human sexual display grounds. Behaviour, vol. 146,
2009.
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