sábado, 27 de abril de 2013

VÍDEO: Os Olhos do Observador


Boa noite, Internauta!



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sexta-feira, 26 de abril de 2013

TEXTO: Autoflagelação em Adolescentes: Um problema sério?

Boa tarde, Internauta!



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AUTOFLAGELAÇÃO EM ADOLESCENTES: UM PROBLEMA SÉRIO?

Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach


Era quase um consenso científico que a autoflagelação (ato em que alguém inflige dor ou sofrimento a si mesmo, intencionalmente) na adolescência seria um forte sinal de alerta para algum transtorno mental sério.
Porém, uma tese de doutorado defendida em Novembro do ano passado, por Jonas Bjärehed (Lund University), em que analisou a autoflagelação entre adolescentes suíços, desconstruiu um pouco essa concepção tão enraizada na psicologia.
Jonas Bjärehed
Ele conseguiu demonstrar que, ao contrário do que se pensava, infligir dor a si mesmo intencionalmente é um comportamento relativamente comum entre os jovens. Pouco mais de 40% da população estudada confessou que já havia se autoflagelado no passado.
Na sequência, ele comparou a frequência desses episódios de autoflagelação, com os resultados das escalas para avaliar transtornos mentais, e concluiu que apesar de haver uma relação entre “autoflagelação” e “transtornos mentais” (nas meninas, por exemplo, geralmente há relação com transtornos alimentares), ela não é necessariamente forte e, e apenas uma minoria apresenta essa relação com implicações sérias ou graves. No geral, esse comportamento se relaciona mais com um estilo de lidar com as emoções através da ruminação, o que explica sua relação forte com a “culpa” (“remoendo a culpa”), já identificada em estudos anteriores.
Isso significa que a autoflagelação não é um sinal de alerta? Não! É importante que os pais ou responsáveis, ao notar esse comportamento nos adolescentes, procurem ajuda de um profissional especializado. Entretanto, esses resultados servem para conscientizar os próprios profissionais, dissolvendo o estigma de que a autoflagelação seja necessariamente um sinal de alguma debilidade mental grave.


Referências:
BJÄREHED, J. Characteristics of Self-Injury in Young Adolescents: Findings from cross-sectional and longitudinal studies in swedish schools. Tese de Doutorado, Lund University, 2012.
MEDICAL EXPRESS. Self-harm not always a sign of serious mental health problems. Disponível em: http://medicalxpress.com/news/2012-11-self-harm-mental-health-problems.html#jCp

Fonte das Imagens:
Self-Harm: http://www.priory.com/psych/images/dsh.jpg
Jonas Bjärehed: http://www4.lu.se/o.o.i.s/18899


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TEXTO: Quando a Sacanagem se torna Real


Bom dia, Internauta!


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QUANDO A SACANAGEM SE TORNA REAL
Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach



Adolescentes que assistem a conteúdo sexual explícito na internet são mais propensos a fazer sexo por dinheiro ou a tentar novos comportamentos sexuais (por exemplo, ménage à trois), é o que mostra um estudo publicado na Journal of Sexual Medicine, no último dia 25.
Eles aplicaram questionários a 4600 adolescentes, com idades entre 15 e 25 anos, perguntando tanto sobre a atividade sexual deles, quanto sobre o tipo de programação que costumavam assistir (na TV, na Internet, etc). Concluíram que 88% dos homens haviam assistido algum conteúdo sexualmente explícito nos últimos 12 anos, enquanto que 45% das mulheres tinham feito o mesmo.
Ao correlacionar os resultados, os pesquisadores identificaram que aqueles adolescentes que mais assistiam a conteúdos sexuais na internet tinham uma maior tendência a diversificar seu comportamento sexual.
O estudo não prova que a pornografia, em si, causa a variação no comportamento sexual. Ele apenas demonstra que aqueles que assistem mais a este conteúdo, tendem a apresentar uma maior variação na forma de fazer sexo.
Gert Marin Hald
Gert Marin Hald (University of Copenhagen), psicólogo responsável pela investigação, pondera: "os dados sugerem que outros fatores, tais como traços de personalidade (principalmente o de "busca por novidades"), mais do que assistir ou não a material de sexo explícito na internet, faz com que os adolescentes tenham maior tendência a buscar novas formas de fazer sexo", e conclui: "o efeito do conteúdo sexual explícito sobre o comportamento sexual, na realidade, precisa ser considerado em conjunto com estes fatores".


Referências:
HALD, G. et al. Does viewing explain doing? Assessing the association between sexually explicit materials use and sexual behaviors in a large sample of dutch adolescents and young adults. Journal of Sexual Medicine, 2013.
STRUCK, K. Porn has effect on teens' sexual behavior. MedPage Today. Disponível em: http://www.medpagetoday.com/Psychiatry/GeneralPsychiatry/38677


Fonte das Imagens:
Adolescente: http://www.huffingtonpost.com/2013/04/25/teen-sex-study-movies-content-adolescent-sexuality_n_3155762.html
Menáge: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieU4ThDsLKSAo0sWq-gGvxJRh7Rz-gAPMiPxXwVDFpHu1QWddSSdqB9WwGgUuLGMg1fAAJttbY8aS_kcGOzoqZWEJiJ5RrQgp6NH-bpdvUmB7NA7vuVrkTh4lDUkYMia9WRpAjoM9_bw2m/s1600/menage-a-trois.jpg
Gert: http://www.domino-online.dk/wp-content/uploads/2011/09/Gert-Martin-Hald.jpg


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VÍDEO: Resposta ao Pirulla: "Qual a função do Sexo?"


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VÍDEO: "Casamento Homoafetivo": O que a ciência tem a dizer?


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sábado, 20 de abril de 2013

TEXTO: A Pintura Feminina


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A PINTURA FEMININA
Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach

Todo o tipo de arte é uma expressão da natureza humana. Assim como a trama das histórias representa os dilemas que os seres humanos sempre enfrentaram devido à nossa condição natural (ver mais sobre isso na minha palestra: “Era uma vez o Homo sapiens”), esta pesquisa quis investigar se a pintura também refletiria nossa natureza. Mais especificamente, quis descobrir se as mulheres representam o mundo na tela, de forma diferente dos homens e – se sim – por quê?
As pesquisadoras fizeram um levantamento de pinturas assinadas por mulheres, dentro do período de 1700 a 1940. Baseando-se em constatações de estudos anteriores, encaixaram as pinturas encontradas em algumas categorias: Retrato, Auto-Retrato, Maternidade/Vida Doméstica; Natureza Morta e Paisagens, chegando à distribuição abaixo.
Frida Khalo’s “The Two Fridas” (1939)
Esses resultados permitem concluir que as mulheres sempre tiveram uma maior motivação para representar figuras humanas ou contextos sociais, em detrimento da natureza morta e paisagem. Além disso, ao desenhar situações sociais, as mulheres tendem a incluir na imagem muito mais pessoas, inclusive não aparentadas, com a preocupação de dar valor à diversidade das relações sociais. Esse é um padrão que reflete a natureza feminina mais social, e que as diferencia das pinturas masculinas. Além disso, nas pinturas femininas, cenas de conflito (guerra, desavenças, caça, etc) são muito mais raras, um padrão nitidamente diferente da pintura masculina.
Em suma, refletimos na tela o que refletimos em nossas mentes. Como a mente masculina e feminina são diferentes, devido às diferentes pressões que ambos os sexos sofreram ao longo do processo evolutivo, é lógico pensar que as pinturas serão diferentes. Não são piores, nem melhores, apenas diferentes!


Referência:
CHANG, R. FISHER, M. MEREDITH, T. Evolutionary perspectives on what women paint. Journal of Social, Evolutionary and Cultural Psychology, vol. 6, n° 4, 2012.


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VÍDEO: A Ciência do Beijo

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quarta-feira, 17 de abril de 2013

TEXTO: Professor permite a "cola". Por quê?


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PROFESSOR PERMITE A "COLA". POR QUÊ?

Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach



Peter Nonacs
     Peter Nonacs leciona a disciplina de "Ecology and Evolutionary Biology" na Universidade da Califórnia - Los Angeles(UCLA). Na última segunda feira (15/04), ele publicou um texto na Zócalo Public Square, explicando porque permite que seus alunos discutam livremente entre eles, e consultem o material didático, em busca das respostas às perguntas da prova.
     Ele diz que muitas regras da natureza podem ser resumidas a uma frase: "A vida é um Jogo" e que o objetivo do jogador é ganhar. A "Teoria dos Jogos", que explica matematicamente a lógica desses jogos sociais, segundo Nonacs, é uma excelente ferramenta a ser aplicada na Educação. E ele testou essa hipótese em uma de suas turmas.
     Uma semana antes da prova, informou aos seus alunos que a avaliação (sobre “Behavioral Ecology”) seria dificílima, mas que apenas naquela ocasião eles poderiam colar! Poderiam trocar ideias livremente entre si antes de cada resposta, bem como consultar os livros, a internet e até mesmo especialistas na área. Até brincou dizendo que apenas violações a leis federais e estaduais seriam proibidas naquele teste.
     Os alunos inicialmente não acreditaram, e até debocharam da proposta. Mas então ele colocou: “You are UCLA students. The brightest of the bright. Let’s see what you can accomplish when you have no restrictions and the only thing that matters is getting the best answer possible.” (tradução: Vocês são estudantes da UCLA. Os mais brilhantes dentre os brilhantes. Deixe-me ver o que vocês podem produzir quando não tem restrições e a única coisa que importa é escrever a melhor resposta possível).
     Durante toda aquela semana, os alunos continuaram refletindo sobre aquilo, suspeitando de que a prova seria apenas uma fachada para analisar outra coisa. Cogitaram se a cooperação seria premiada ou punida; se a reciprocidade de informações seria avaliada pelo professor; etc. Enfim, o Nonacs conseguiu que seus alunos pensassem constantemente durante aquela semana, em todas as coisas que envolvem a "Teoria dos Jogos", e transformou uma classe de pessoas que pouco conversavam entre si, num grupo de indivíduos unidos com o objetivo de descobrir as intenções daquela mudança de regras do jogo.
     Eis que no “dia D", os alunos se depararam com uma avaliação cuja única questão era: "If evolution through natural selection is a game, what are the players, teams, rules, objectives, and outcomes?” (Tradução: Se a evolução através da seleção natural é um jogo, o que são os jogadores, os times, as regras, os objetivos e as respostas?).
     Imediatamente, toda a classe começou a dividir as atividades e a debater entre eles. Propuseram hipóteses, que eram discutidas à luz de evidências que cada um havia pesquisado. Decidiram, por eles próprios, que escreveriam a resposta que fosse um consenso da maioria. Dentre os 27 alunos, apenas 3 preferiram fazer individualmente.
     Ao final, os estudantes puderam perceber aquilo que alguns insetos sociais (formiga) já sabem por instinto. Ou seja, para ganhar um jogo, a cooperação é melhor que a competição. No caso da prova em si: as pessoas que compartilham e discutem suas ideias com outras se saem melhor que aquelas cujas ideias não passam pelo crivo dos pares. Eles estavam deixando de pensar em "Tirar melhor nota que os outros" (que implica, automaticamente, em um tirar a pior) para "Tirar a melhor nota que conseguir" (onde outros podem tirar uma nota igualmente boa).
     Nas palavras de Peter Nonacs:
I’m a realist. Almost none of my students will go on to be “me”—a university professor who makes a living observing animals. The vast majority take my classes as a prelude to medical, dental, pharmacy, or veterinary school. Still, I want my students to walk away with something more than, “Animals are cool.” I want them to leave my class thinking like behavioral ecologists.” (Tradução: Sou realista. Quase nenhum dos meus alunos serão como eu – um professor universitário que vive observando animais. A vasta maioria cursa essa disciplina como uma introdução à medicina, à odontologia, à farmácia, ou à veterinária. Ainda assim, quero que meus estudantes saiam com algo mais do que a percepção de que “animais são legais”. Quero que eles terminem minha disciplina pensando como ecologistas do comportamento).
     Dois dias depois, o professor retornou à turma com duas propostas:
     Proposta A) Eles poderiam receber o teste de volta, corrigido, e essa nota serviria para compor a média final
     Proposta B) O professor rasgaria todos os testes e os jogaria no lixo, antes mesmo que cada um pudesse ver a própria nota.
     Depois de protelar e argumentar um pouco, os estudantes escolheram por unanimidade receber o teste de volta. Perceberam, então, que entre aqueles que mais compartilharam informações durante a prova, a nota foi maior. Entre os 3 que decidiram realizá-la de forma mais individualista, um deles ficou com a nota acima da média, outro ficou com nota na média e o terceiro com nota abaixo da média.
     Isso convenceu Nonacs de que numa avaliação convencional, os estudantes são jogadores que estão competindo individualmente contra os demais, e o professor serve como um fiscalizador. Nesta forma de avaliação alternativa, os estudantes exercitam algumas das características mais fundamentais do ser humano, que são: o altruísmo e a reciprocidade (neste caso, de ideias), passando a cooperar ao invés de competir, e seu resultado final é - em média - muito melhor.
     Além disso, eles já vivenciam na prática os conceitos fundamentais da "Teoria dos Jogos", que são fundamentais para a disciplina que ele estava lecionando. Nas palavras do próprio professor: "As a group they learned Game Theory better than any of my previous classes" (Tradução: Como grupo, eles aprenderam sobre “Teoria dos Jogos” melhor que qualquer de minhas turmas anteriores).
     Diante disso tudo, faço das palavras de encerramento do professor Peter Nonacs, as minhas:
     "The best tests will not only find out what students know but also stimulate thinking in novel ways. This is much more than regurgitating memorized facts. The test itself becomes a learning experience—where the very act of taking it leads to a deeper understanding of the subject" (Tradução: O melhor teste não apenas identifica o que os estudantes sabem, mas também os estimula de novas maneiras. Isto é muito mais do que acessar fatos memorizados. A prova se torna um aprendizado por experiência, que o leva a uma compreensão mais profunda do sujeito).


Referência:


Fonte das imagens:
Nonacs = http://www.evmed.ucla.edu/images/nonacs.jpg
Game Theory = http://25.media.tumblr.com/tumblr_lrp6a2Atud1qmxjbzo1_400.jpg
Escolha = https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrP9zReWYw1AiHvXtS1JvJgZUba2gCQ-3zaDJIpwe1w1pCeMBWThwLFdbGPlTszEZD3bdmAatZX_TX3FZ2FeNYbAUu5lRT0wxjqmU_RH1-d1blUK8d6csjZ-Htt_9BCE_qE-oChyphenhyphen2q1Hc/s1600/VOC%25C3%258A+TEM+ESCOLHA.jpg
Formiga = https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsckkpW0hYliutyVouiU8mRRkBv4A-4ZL90IBjcmxvxo5Av1-7ibTXoHnl07eRWy8BgbzJaeQDx_F4g1Gy_avjFhrmMV053HnI1mWyTjwNr0ZTR5k1U4GzYQUNE8BJgdU8wBGSYMymTMBm/s1600/FORMIGAS2.jpg


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terça-feira, 16 de abril de 2013

HANGOUT: Adoção - Homo e Hétero

Boa noite, Internauta!



      Estou escrevendo este post para divulgar o link do hangout que acabo de participar no canal da FoxxSalema sobre "Adoção: Homo e Hétero". É interessante, porque além de ser um tema polêmico, o hangout ficou bastante polêmico.



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segunda-feira, 15 de abril de 2013

TEXTO: Marie Curie e o Poder para Poder


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MARIE CURIE E O PODER PARA PODER

Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach
thales.coutinho@hotmail.com  


Vivemos num mundo dominado por homens, e pela cultura retroalimentadora de que “somente os homens podem dominar”. No entanto, existem casos de mulheres que conseguem um destaque que muitos homens nunca tiveram no campo da ciência, da política e dos negócios.
Marie Curie
Talvez, um dos exemplos mais notáveis seja o da cientista polonesa Marie Curie (1867-1934) que numa época ainda mais machista que a nossa, conseguiu se destacar na ciência, ao ponto de ser duas vezes laureada com o Prêmio Nobel: um de Física, em 1903, pela descoberta da radioatividade; e outro de Química, em 1911, pala identificação dos elementos Rádio e Polônio.
Apesar de Curie não ser a única mulher cientista da área de exatas que se destacou internacionalmente, percebemos que a ciência – no geral – ainda é um terreno predominantemente masculino. Isso tem a ver com a própria maneira de funcionar que é distinta entre os sexos, de maneira que devido a uma tendência maior a sistematização, os homens tenderiam a se interessar mais pelas ciências exatas, enquanto que as mulheres teriam um interesse maior pelas artes (ver minha palestra: “Cérebro Empático & Cérebro Sistemático” para entender melhor).
Robert Rydell - Indiana University
Porém, além dessa diferença na natureza humana, uma pesquisa publicada há poucos dias por dois psicólogos sociais (Van Loo e Robert Rydell) na Personality and Social Psychology Bulletin, identificou outro mecanismo que pode ser responsável pelo fato de “Marie Curie” ser uma exceção à regra: o fardo do estereótipo.
Daí você deve estar pensando: “Mas isso é óbvio! Todo mundo sabe que o preconceito prejudica as mulheres!”. Concordo. Todavia, o grande barato dessa investigação foi que ela descobriu um recurso realmente eficaz para reduzir os efeitos negativos desse estereótipo sobre a performance individual, e o melhor é que esta estratégia não envolve nenhum tipo de manifestação agressiva, que pode gerar violência ou constrangimento social.
Em suma, eles identificaram que a sensação de poder imuniza as mulheres contra o estereótipo social de que “elas não são boas com números”. A pesquisa induziu um grupo de mulheres a sentir que tinham poder para resolver um exame de matemática (por exemplo, fazendo-as lembrar de alguma situação em que desempenharam alguma atividade com perfeição), enquanto o outro grupo não recebeu qualquer indução. O desempenho daquelas que foram incentivadas a crer no próprio poder de resolver problemas matemáticos foi significativamente maior, e o que estava fazendo a ponte entre as duas coisas (poder e desempenho) era a memória de trabalho (o aspecto da memória, crucial para a matemática, que nos permite manipular informações na mente enquanto desempenhamos alguma tarefa). Nas mulheres que não estavam cientes do seu poder, a memória de trabalho estava menos operante durante o exercício, enquanto que nas que foram induzidas a reconhecer o próprio poder estava funcionando normalmente.
Isso significa que o poder não cria a capacidade em si. Ele apenas protege as mulheres, liberando-as das amarras do estereótipo de “não ser boa em matemática”, preservando sua memória de trabalho e permitindo que elas expressem sua verdadeira capacidade.
Muito provavelmente, além de um estilo cognitivo sistemático e de uma inteligência privilegiada, um grande fator que contribuiu para a ascensão de Marie Curie (e outras tantas mulheres cientistas que enfrentam o preconceito) foi a consciência do poder. Em suma, ela sabia que podia fazer, então foi lá e fez!
Os pesquisadores são cautelosos quanto a generalizar os resultados desta pontual investigação, porém, é possível que este efeito da sensação de poder sobre a redução do estereótipo não se restrinja às mulheres, podendo ser utilizado no cotidiano de cada um, para aprimorar nossa performance diante da preservação de nossa memória de trabalho. Talvez valha a pena, antes de fazer uma prova, ou de apresentar algo na empresa, dedicar alguns minutos para se recordar de uma situação real do passado em que seu desempenho foi muito bom e partir para a resolução da problemática, ciente desse poder individual.



Referências:

LOO, K. RYDELL, R. On the experience of feeling powerful: perceived power moderates the effect of stereotype threat on women's math performance. Personality and Social Psychology Bulletin, vol. 39, n° 3, 2013.
Reportagem na MedicalExpress: Feelings of power can diffuse effects of negative stereotypes, study says. Disponível em: http://medicalxpress.com/news/2013-04-power-diffuse-effects-negative-stereotypes.html


Fonte das Imagens:

Marie Curie: http://www.neurope.eu/sites/default/files/imagecache/400xY/Marie%20Curie.jpg
Robert Rydell: http://www.psychologicalscience.org/redesign/wp-content/uploads/2011/08/Rydell_Robert.jpg
Feeling Powerful: http://www.handmaderesults.com/wp-content/uploads/strength.jpg

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sábado, 13 de abril de 2013

TEXTO: O Lado Negro do Perdão


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O LADO NEGRO DO PERDÃO

Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
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thales.coutinho@hotmail.com  


A compreensão de porque sentimos o que sentimos, e quais as implicações disso para a manutenção dos nossos relacionamentos vem sendo o objetivo de grande parte das pesquisas em psicologia, nas últimas décadas.
Mais recentemente, alguns pesquisadores começaram a descortinar os mistérios do "perdão", identificando muitos aspectos positivos envolvendo este sentimento, que variam desde uma melhora na pressão arterial, até uma maior satisfação com a vida.
James McNulty
Porém, não podemos ser maniqueístas e conceber que alguma coisa seja totalmente boa (ou má), logo, é de se suspeitar, que o perdão também tenha seu aspecto desagradável. É isso que o psicólogo James McNulty (Universidade do Tennessee) conseguiu demonstrar em suas últimas publicações: o perdão tem um lado negro e, em certa medida, pode ser um veneno para o casamento.
Ele concluiu que, quando um cônjuge tem maior tendência a perdoar o outro (às vezes, mesmo contra a própria vontade, mas em função de ideais filosóficos e/ou religiosos) ele tende a ser repetidamente vítima da mesma infração que perdoou. Essa tendência é maior nas mulheres, e – inclusive – é uma das razões pelas quais elas se mantêm numa relação permeada pela violência constante.
Esse efeito negativo talvez seja explicado pelo fato de que o perdão livra o infrator da culpa, da crítica, e do receio do desamparo (temporário ou definitivo), e essas são condições importantes para o comportamento inadequado seja repensado e evitado numa próxima ocasião. Ou seja, diante da facilidade de ser perdoado, o indivíduo tende a não rever sua própria conduta, e reincide no erro, desgastando significativamente a relação do casal.
Esses resultados não anulam os efeitos positivos do perdão, tampouco devem nos desmotivar a perdoar. Eles apenas nos alertam para o fato de que precisamos prestar muita atenção quanto a quem iremos perdoar e pelo que fazemos isso. Porque algumas pessoas entendem o "perdão" como uma "carta branca" para fazer tudo de novo.

Referências:
GORDON, K. BURTON, S. PORTER, L. Predicting the intentions of women's in domestic violence shelters to return to partner: does forgiveness play a role?. Journal of Family Psychology, vol. 18, n° 2, 2004.
LUCHIES, L. FINKEL. E. MCNULTY, J. KUMASHIRO, M. The Doormat Effect: when forgiving erodes self-respect and self-concept clarity. Journal of Personality and Social Psychology, vol. 98, n° 5, 2010.
MCNULTY, J. Forgiveness increases the likelihood of subsequent partner transgressions in marriage. Journal of Family Psychology, vol. 24, n° 6, 2010.
McNULTY, J. The Dark Side of Forgiveness: the tendency to forgive predicts continued psychological and physical aggression in marriage. PSPB, 2011.
MCNULTY, J. FINCHAM, F. Beyond Positive Psychology?: toward a contextual view of psychological processes and well-being. American Psychologist, vol. 67, n° 2, 2012.
TONGEREN, D. WELCH, R. DAVIS, D. GREEN, J. WORTHINGTON, E. Priming virtue: forgiveness and justice elicit divergent moral judgments among religious individuals. The Journal of Positive Psychology, vol. 7, isue 5, 2012.
TSANG, J. STANFORD, M. Forgiveness for intimate partner violence: the influence of victim and offender variables. Personality and Individual Differences, vol. 42, 2007.


Fonte das Imagens:
James McNulty: http://psychology.utk.edu/people/faces/mcnulty1.jpg
Imagem 2: http://www.birthpangs.org/articles/images/forgive/cant%20forgive.jpg
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sexta-feira, 12 de abril de 2013

TEXTO: Dentes Bonitos, Rosto Bonito


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DENTES BONITOS, ROSTO BONITO

Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach
thales.coutinho@hotmail.com  

Quando você está interessado(a) num relacionamento, e começa a avaliar o grau de atratividade das outras pessoas, provavelmente leva em conta a altura, a idade, a proporção do corpo, a simetria facial, a textura da pele, o timbre de voz, o cheiro (etc) e assim – antes mesmo de bater um papo com a pessoa para poder analisar traços de personalidade e gostos em comum – você já consegue atribuir uma “nota” subjetiva para a beleza dela, e essa avaliação irá influenciar seu comportamento (de aproximação ou afastamento). Sabemos disso, porque para cada uma dessas características, há dezenas de investigações da psicologia demonstrando sua relevância no momento de avaliar parceiros(as) em potencial. Porém, existe um fator muito importante nesse processo de encantamento inicial, que as próprias pesquisas negligenciaram durante muito tempo: o sorriso. Mais especificamente, o sorriso que revela os dentes.
Já sabemos que o sorriso é uma das pistas não-verbais mais importantes para identificar o interesse (seja por alguém, seja por alguma coisa). Contudo, apenas no ano passado, Colin Hendrie e Gayle Brewer publicaram um artigo na prestigiosa revista PLoS ONE descortinando as características que levamos em conta no momento de considerar a influência do sorriso (com os dentes revelados) para a avaliação da beleza facial como um todo.
PLoS ONE, Hendrie & Brewer (2012)
Eles alteraram por computação gráfica as fotos de modelos (masculinos e femininos) de maneira que cada um deles apresentaria nove combinações entre “dentes amarelos”, “dentes desalinhados” e a “versão original”. Então, apresentaram essas imagens randomicamente a um grupo de 150 pessoas (incluindo homens e mulheres) e solicitaram que elas avaliassem o grau de atratividade de cada imagem, considerando o rosto como um todo.
Os resultados demonstraram que as imagens distorcidas pela pesquisa eram avaliadas como sendo significativamente menos atraentes, em comparação com a original. Esse efeito foi mais intenso nas imagens das mulheres. Ou seja, as mulheres eram mais prejudicadas no momento de serem avaliadas, devido às distorções nos dentes.
Uma das explicações para esse efeito é que a dentição serve como uma rica fonte de informação sobre a qualidade de saúde e de vida da pessoa. Isso porque nossos dentes se desenvolvem devido tanto a características genéticas, quanto ambientais. Ou seja, tanto doenças genéticas como a Síndrome de Rapp-Hodgkin; quanto má qualidade de alimentação e falta de assepsia, podem provocar alterações identificáveis na dentição. Além disso, quando envelhecemos, naturalmente nossos dentes ficam mais amarelados e escurecidos.
Em síntese, nossos dentes sinalizam aos outros se sofremos de alguma doença genética, se temos hábitos saudáveis e o quão velho nós somos. Todos esses são dados fundamentais no momento de selecionarmos nossos(as) parceiros(as), e por isso tendemos a achar imagens com dentes mais alinhados e menos amarelos como sendo mais atraentes.
Porém, uma das características sinalizadas pelos nossos dentes talvez explique porque a dentição é um fator mais relevante para a determinação da beleza feminina. Já sabemos que faz parte da natureza masculina considerar mulheres mais jovens como sendo significativamente mais atraentes que as mais velhas. Se a nossa dentição amarela naturalmente conforme envelhecemos, a coloração amarelada nos dentes das mulheres tende a ser hipervalorizada pelos homens no momento de avaliar sua beleza, pois é interpretada como um sinal de velhice. Como as mulheres não privilegiam a juventude no momento de considerar um homem atraente, este efeito não é tão forte no momento em que elas julgam a beleza dos rostos masculinos, mesmo com dentes tortos e amarelos (apesar de estes também serem considerados menos atraentes que o normal, apenas não tão intensamente).
Esta pesquisa conseguiu identificar pela primeira vez a razão pela qual consideramos pessoas com dentes mais bonitos, como sendo mais bonitas. Talvez, esse resultado pudesse servir para campanhas de promoção da saúde bucal, demonstrando às pessoas que, de fato, uma boa higiene bucal não apenas as livra de problemas de saúde, como também confere alguns benefícios sociais como, por exemplo, ser considerado(a) mais atraente.


Referência:
HENDRIE, C. BREWER, G. Evidence to suggest that teeth act as human ornament displays signalling mate quality. PLoS ONE, vol. 7, n° 7, 2012.
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quinta-feira, 11 de abril de 2013

PALESTRA: "A Evolução do Gosto: A Contribuição da Psicologia Evolucionista para a compreensão do Comportamento Alimentar"


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TEXTO: "Tamanho é Documento?"


Boa noite, Internauta!

      Confira abaixo um texto que escrevi, a partir de uma descoberta científica bastante recente.

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TAMANHO É DOCUMENTO?

Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach
thales.coutinho@hotmail.com  

     Uma pesquisa publicada nesta última segunda-feira na prestigiosa revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) por uma equipe da Universidade de Ottawa (Canadá) contribuiu para esclarecer uma dúvida persistente: afinal, quão relevante é o tamanho do pênis, no momento de as mulheres selecionarem seus parceiros?
PNAS, Mautz et al (2013)
     Já se reconhece o impacto positivo da altura, para que os homens sejam considerados atraentes ou não, isso porque muitos estudos demonstraram que as mulheres avaliam homens mais altos como sendo mais bonitos. Além disso, outra característica importante para o julgamento da beleza masculina é a proporção ombro-quadril, ou seja, quanto mais largos os ombros em relação ao quadril, mais atraente o homem é considerado.
     O que essa pesquisa fez foi combinar de todas as formas possíveis essas características (altura, proporção ombro-quadril e tamanho do pênis), criando várias imagens diferentes que foram apresentadas a mulheres heterossexuais que estavam incumbidas da tarefa de dar uma “nota” para a beleza de cada uma das imagens, considerando o conjunto como um todo.
     Em síntese, os resultados demonstraram que o tamanho do órgão sexual masculino exerce um papel menos significativo no momento de as mulheres julgarem a beleza de um homem. O que importa mesmo é a altura e a largura dos ombros. Além disso, homens altos e com um pênis de tamanho desproporcionalmente grande, foram considerados menos atraentes, que aqueles com um pênis de tamanho ligeiramente acima da média (que é de 9cm). O tamanho entre 12.8 e 14.2cm (flácido) foi considerado ideal.
     Isso demonstra que o tamanho do genital é sim um fator importante no momento de as mulheres selecionarem seus parceiros, mas ele precisa estar em harmonia com outras características físicas do indivíduo, caso contrário pode – inclusive – exercer um efeito negativo.
Geoffrey Miller
     Para o primatologista Alan Dixon, o próximo passo desta investigação seria aplicar esse mesmo método a populações de outras culturas, principalmente a sociedades nativas, que estão mais acostumadas a ver as pessoas com pouca roupa, e comparar os resultados. Para o psicólogo evolucionista Geoffrey Miller, uma das grandes contribuições desse estudo foi tirar esse tema da esfera da trivialidade e senso comum, e trazê-lo para o campo científico.





Referências:
MAUTZ, B. WONG, B. PETERS, R. JENNIONS, M. Penis size interacts with body shape and height to influence male attractiveness. PNAS, vol. 110, 2013.
NUZZO, R. Bigger not always better for penis size. Nature News, 8 April 2013. Disponível em: http://www.nature.com/news/bigger-not-always-better-for-penis-size-1.12770

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Hangout-Lecture #001 = "Detectando Mentiras através da Internet"


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PALESTRA: "Detectando Mentiras - Um Método Baseado em Evidências"


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