sexta-feira, 12 de abril de 2013

TEXTO: Dentes Bonitos, Rosto Bonito


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DENTES BONITOS, ROSTO BONITO

Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach
thales.coutinho@hotmail.com  

Quando você está interessado(a) num relacionamento, e começa a avaliar o grau de atratividade das outras pessoas, provavelmente leva em conta a altura, a idade, a proporção do corpo, a simetria facial, a textura da pele, o timbre de voz, o cheiro (etc) e assim – antes mesmo de bater um papo com a pessoa para poder analisar traços de personalidade e gostos em comum – você já consegue atribuir uma “nota” subjetiva para a beleza dela, e essa avaliação irá influenciar seu comportamento (de aproximação ou afastamento). Sabemos disso, porque para cada uma dessas características, há dezenas de investigações da psicologia demonstrando sua relevância no momento de avaliar parceiros(as) em potencial. Porém, existe um fator muito importante nesse processo de encantamento inicial, que as próprias pesquisas negligenciaram durante muito tempo: o sorriso. Mais especificamente, o sorriso que revela os dentes.
Já sabemos que o sorriso é uma das pistas não-verbais mais importantes para identificar o interesse (seja por alguém, seja por alguma coisa). Contudo, apenas no ano passado, Colin Hendrie e Gayle Brewer publicaram um artigo na prestigiosa revista PLoS ONE descortinando as características que levamos em conta no momento de considerar a influência do sorriso (com os dentes revelados) para a avaliação da beleza facial como um todo.
PLoS ONE, Hendrie & Brewer (2012)
Eles alteraram por computação gráfica as fotos de modelos (masculinos e femininos) de maneira que cada um deles apresentaria nove combinações entre “dentes amarelos”, “dentes desalinhados” e a “versão original”. Então, apresentaram essas imagens randomicamente a um grupo de 150 pessoas (incluindo homens e mulheres) e solicitaram que elas avaliassem o grau de atratividade de cada imagem, considerando o rosto como um todo.
Os resultados demonstraram que as imagens distorcidas pela pesquisa eram avaliadas como sendo significativamente menos atraentes, em comparação com a original. Esse efeito foi mais intenso nas imagens das mulheres. Ou seja, as mulheres eram mais prejudicadas no momento de serem avaliadas, devido às distorções nos dentes.
Uma das explicações para esse efeito é que a dentição serve como uma rica fonte de informação sobre a qualidade de saúde e de vida da pessoa. Isso porque nossos dentes se desenvolvem devido tanto a características genéticas, quanto ambientais. Ou seja, tanto doenças genéticas como a Síndrome de Rapp-Hodgkin; quanto má qualidade de alimentação e falta de assepsia, podem provocar alterações identificáveis na dentição. Além disso, quando envelhecemos, naturalmente nossos dentes ficam mais amarelados e escurecidos.
Em síntese, nossos dentes sinalizam aos outros se sofremos de alguma doença genética, se temos hábitos saudáveis e o quão velho nós somos. Todos esses são dados fundamentais no momento de selecionarmos nossos(as) parceiros(as), e por isso tendemos a achar imagens com dentes mais alinhados e menos amarelos como sendo mais atraentes.
Porém, uma das características sinalizadas pelos nossos dentes talvez explique porque a dentição é um fator mais relevante para a determinação da beleza feminina. Já sabemos que faz parte da natureza masculina considerar mulheres mais jovens como sendo significativamente mais atraentes que as mais velhas. Se a nossa dentição amarela naturalmente conforme envelhecemos, a coloração amarelada nos dentes das mulheres tende a ser hipervalorizada pelos homens no momento de avaliar sua beleza, pois é interpretada como um sinal de velhice. Como as mulheres não privilegiam a juventude no momento de considerar um homem atraente, este efeito não é tão forte no momento em que elas julgam a beleza dos rostos masculinos, mesmo com dentes tortos e amarelos (apesar de estes também serem considerados menos atraentes que o normal, apenas não tão intensamente).
Esta pesquisa conseguiu identificar pela primeira vez a razão pela qual consideramos pessoas com dentes mais bonitos, como sendo mais bonitas. Talvez, esse resultado pudesse servir para campanhas de promoção da saúde bucal, demonstrando às pessoas que, de fato, uma boa higiene bucal não apenas as livra de problemas de saúde, como também confere alguns benefícios sociais como, por exemplo, ser considerado(a) mais atraente.


Referência:
HENDRIE, C. BREWER, G. Evidence to suggest that teeth act as human ornament displays signalling mate quality. PLoS ONE, vol. 7, n° 7, 2012.
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Tenha um dia PLENO!

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