sábado, 13 de abril de 2013

TEXTO: O Lado Negro do Perdão


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O LADO NEGRO DO PERDÃO

Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach
thales.coutinho@hotmail.com  


A compreensão de porque sentimos o que sentimos, e quais as implicações disso para a manutenção dos nossos relacionamentos vem sendo o objetivo de grande parte das pesquisas em psicologia, nas últimas décadas.
Mais recentemente, alguns pesquisadores começaram a descortinar os mistérios do "perdão", identificando muitos aspectos positivos envolvendo este sentimento, que variam desde uma melhora na pressão arterial, até uma maior satisfação com a vida.
James McNulty
Porém, não podemos ser maniqueístas e conceber que alguma coisa seja totalmente boa (ou má), logo, é de se suspeitar, que o perdão também tenha seu aspecto desagradável. É isso que o psicólogo James McNulty (Universidade do Tennessee) conseguiu demonstrar em suas últimas publicações: o perdão tem um lado negro e, em certa medida, pode ser um veneno para o casamento.
Ele concluiu que, quando um cônjuge tem maior tendência a perdoar o outro (às vezes, mesmo contra a própria vontade, mas em função de ideais filosóficos e/ou religiosos) ele tende a ser repetidamente vítima da mesma infração que perdoou. Essa tendência é maior nas mulheres, e – inclusive – é uma das razões pelas quais elas se mantêm numa relação permeada pela violência constante.
Esse efeito negativo talvez seja explicado pelo fato de que o perdão livra o infrator da culpa, da crítica, e do receio do desamparo (temporário ou definitivo), e essas são condições importantes para o comportamento inadequado seja repensado e evitado numa próxima ocasião. Ou seja, diante da facilidade de ser perdoado, o indivíduo tende a não rever sua própria conduta, e reincide no erro, desgastando significativamente a relação do casal.
Esses resultados não anulam os efeitos positivos do perdão, tampouco devem nos desmotivar a perdoar. Eles apenas nos alertam para o fato de que precisamos prestar muita atenção quanto a quem iremos perdoar e pelo que fazemos isso. Porque algumas pessoas entendem o "perdão" como uma "carta branca" para fazer tudo de novo.

Referências:
GORDON, K. BURTON, S. PORTER, L. Predicting the intentions of women's in domestic violence shelters to return to partner: does forgiveness play a role?. Journal of Family Psychology, vol. 18, n° 2, 2004.
LUCHIES, L. FINKEL. E. MCNULTY, J. KUMASHIRO, M. The Doormat Effect: when forgiving erodes self-respect and self-concept clarity. Journal of Personality and Social Psychology, vol. 98, n° 5, 2010.
MCNULTY, J. Forgiveness increases the likelihood of subsequent partner transgressions in marriage. Journal of Family Psychology, vol. 24, n° 6, 2010.
McNULTY, J. The Dark Side of Forgiveness: the tendency to forgive predicts continued psychological and physical aggression in marriage. PSPB, 2011.
MCNULTY, J. FINCHAM, F. Beyond Positive Psychology?: toward a contextual view of psychological processes and well-being. American Psychologist, vol. 67, n° 2, 2012.
TONGEREN, D. WELCH, R. DAVIS, D. GREEN, J. WORTHINGTON, E. Priming virtue: forgiveness and justice elicit divergent moral judgments among religious individuals. The Journal of Positive Psychology, vol. 7, isue 5, 2012.
TSANG, J. STANFORD, M. Forgiveness for intimate partner violence: the influence of victim and offender variables. Personality and Individual Differences, vol. 42, 2007.


Fonte das Imagens:
James McNulty: http://psychology.utk.edu/people/faces/mcnulty1.jpg
Imagem 2: http://www.birthpangs.org/articles/images/forgive/cant%20forgive.jpg
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Tenha um dia PLENO!

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