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PROFESSOR PERMITE A "COLA". POR QUÊ?
Thales Vianna
Coutinho
Psicólogo
(CRP12/10175)
Personal & Professional
Coach
Peter Nonacs |
Peter Nonacs leciona a
disciplina de "Ecology and
Evolutionary Biology" na Universidade da Califórnia - Los Angeles(UCLA). Na última segunda feira (15/04), ele publicou um texto na Zócalo Public Square, explicando porque
permite que seus alunos discutam livremente entre eles, e consultem o material
didático, em busca das respostas às perguntas da prova.
Ele diz que muitas
regras da natureza podem ser resumidas a uma frase: "A vida é um Jogo" e que o objetivo do jogador é ganhar. A
"Teoria dos Jogos", que explica matematicamente a lógica desses jogos
sociais, segundo Nonacs, é uma excelente ferramenta a ser aplicada na Educação.
E ele testou essa hipótese em uma de suas turmas.
Uma semana antes da
prova, informou aos seus alunos que a avaliação (sobre “Behavioral Ecology”) seria dificílima, mas que apenas naquela
ocasião eles poderiam colar! Poderiam trocar ideias livremente entre si antes
de cada resposta, bem como consultar os livros, a internet e até mesmo
especialistas na área. Até brincou dizendo que apenas violações a leis federais
e estaduais seriam proibidas naquele teste.
Os alunos inicialmente
não acreditaram, e até debocharam da proposta. Mas então ele colocou: “You are UCLA students. The brightest of the
bright. Let’s see what you can accomplish when you have no restrictions and the
only thing that matters is getting the best answer possible.” (tradução: Vocês
são estudantes da UCLA. Os mais brilhantes dentre os brilhantes. Deixe-me ver o
que vocês podem produzir quando não tem restrições e a única coisa que importa
é escrever a melhor resposta possível).
Durante toda aquela
semana, os alunos continuaram refletindo sobre aquilo, suspeitando de que a
prova seria apenas uma fachada para analisar outra coisa. Cogitaram se a
cooperação seria premiada ou punida; se a reciprocidade de informações seria
avaliada pelo professor; etc. Enfim, o Nonacs conseguiu que seus alunos pensassem
constantemente durante aquela semana, em todas as coisas que envolvem a
"Teoria dos Jogos", e transformou uma classe de pessoas que pouco
conversavam entre si, num grupo de indivíduos unidos com o objetivo de
descobrir as intenções daquela mudança de regras do jogo.
Eis que no “dia D",
os alunos se depararam com uma avaliação cuja única questão era: "If evolution through natural selection is a
game, what are the players, teams, rules, objectives, and outcomes?”
(Tradução: Se a evolução através da seleção natural é um jogo, o que são os
jogadores, os times, as regras, os objetivos e as respostas?).
Imediatamente, toda a
classe começou a dividir as atividades e a debater entre eles. Propuseram
hipóteses, que eram discutidas à luz de evidências que cada um havia
pesquisado. Decidiram, por eles próprios, que escreveriam a resposta que fosse
um consenso da maioria. Dentre os 27 alunos, apenas 3 preferiram fazer
individualmente.
Ao final, os estudantes
puderam perceber aquilo que alguns insetos sociais (formiga) já sabem por
instinto. Ou seja, para ganhar um jogo, a cooperação é melhor que a competição.
No caso da prova em si: as pessoas que compartilham e discutem suas ideias com
outras se saem melhor que aquelas cujas ideias não passam pelo crivo dos pares.
Eles estavam deixando de pensar em "Tirar melhor nota que os outros"
(que implica, automaticamente, em um tirar a pior) para "Tirar a melhor
nota que conseguir" (onde outros podem tirar uma nota igualmente boa).
Nas palavras de Peter
Nonacs:
“I’m a realist. Almost none of my students will go on to be “me”—a
university professor who makes a living observing animals. The vast majority
take my classes as a prelude to medical, dental, pharmacy, or veterinary
school. Still, I want my students to walk away with something more than,
“Animals are cool.” I want them to leave my class thinking like behavioral
ecologists.” (Tradução: Sou realista. Quase nenhum dos meus alunos serão
como eu – um professor universitário que vive observando animais. A vasta
maioria cursa essa disciplina como uma introdução à medicina, à odontologia, à
farmácia, ou à veterinária. Ainda assim, quero que meus estudantes saiam com
algo mais do que a percepção de que “animais são legais”. Quero que eles terminem
minha disciplina pensando como ecologistas do comportamento).
Dois dias depois, o
professor retornou à turma com duas propostas:
Proposta A) Eles
poderiam receber o teste de volta, corrigido, e essa nota serviria para compor
a média final
Proposta B) O professor
rasgaria todos os testes e os jogaria no lixo, antes mesmo que cada um pudesse
ver a própria nota.
Depois de protelar e
argumentar um pouco, os estudantes escolheram por unanimidade receber o teste
de volta. Perceberam, então, que entre aqueles que mais compartilharam
informações durante a prova, a nota foi maior. Entre os 3 que decidiram
realizá-la de forma mais individualista, um deles ficou com a nota acima da
média, outro ficou com nota na média e o terceiro com nota abaixo da média.
Isso convenceu Nonacs de que numa avaliação convencional, os estudantes são jogadores que
estão competindo individualmente contra os demais, e o professor serve como um
fiscalizador. Nesta forma de avaliação alternativa, os estudantes exercitam algumas
das características mais fundamentais do ser humano, que são: o altruísmo e a
reciprocidade (neste caso, de ideias), passando a cooperar ao invés de
competir, e seu resultado final é - em média - muito melhor.
Além disso, eles já
vivenciam na prática os conceitos fundamentais da "Teoria dos Jogos",
que são fundamentais para a disciplina que ele estava lecionando. Nas palavras
do próprio professor: "As a group
they learned Game Theory better than any of my previous classes"
(Tradução: Como grupo, eles aprenderam sobre “Teoria dos Jogos” melhor que
qualquer de minhas turmas anteriores).
Diante disso tudo, faço
das palavras de encerramento do professor Peter Nonacs, as minhas:
"The best tests will not only find out what
students know but also stimulate thinking in novel ways. This is much more than
regurgitating memorized facts. The test itself becomes a learning
experience—where the very act of taking it leads to a deeper understanding of
the subject" (Tradução: O melhor teste não apenas identifica o que os
estudantes sabem, mas também os estimula de novas maneiras. Isto é muito mais
do que acessar fatos memorizados. A prova se torna um aprendizado por
experiência, que o leva a uma compreensão mais profunda do sujeito).
Referência:
NONACS, P. Why I let my students cheat on their exam.
Zócalo Public Square, apr, 15, 2013. Disponível em: http://www.zocalopublicsquare.org/2013/04/15/why-i-let-my-students-cheat-on-the-final/ideas/nexus/?utm_source=Why%20I%20Let%20My%20Students%20Cheat&utm_campaign=10%2F26%2F12&utm_medium=email
Fonte das imagens:
Nonacs = http://www.evmed.ucla.edu/images/nonacs.jpg
Game Theory = http://25.media.tumblr.com/tumblr_lrp6a2Atud1qmxjbzo1_400.jpg
Escolha = https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrP9zReWYw1AiHvXtS1JvJgZUba2gCQ-3zaDJIpwe1w1pCeMBWThwLFdbGPlTszEZD3bdmAatZX_TX3FZ2FeNYbAUu5lRT0wxjqmU_RH1-d1blUK8d6csjZ-Htt_9BCE_qE-oChyphenhyphen2q1Hc/s1600/VOC%25C3%258A+TEM+ESCOLHA.jpg
Formiga = https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsckkpW0hYliutyVouiU8mRRkBv4A-4ZL90IBjcmxvxo5Av1-7ibTXoHnl07eRWy8BgbzJaeQDx_F4g1Gy_avjFhrmMV053HnI1mWyTjwNr0ZTR5k1U4GzYQUNE8BJgdU8wBGSYMymTMBm/s1600/FORMIGAS2.jpg
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Tenha um dia PLENO!
Ótima a visão desse professor Nonacs, cara. Acho que os professores brasileiros precisam evoluir muito nesse sentido. Eu não havia passado aqui ainda, Thales, tô gostando bastante desses textos.
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