segunda-feira, 15 de abril de 2013

TEXTO: Marie Curie e o Poder para Poder


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MARIE CURIE E O PODER PARA PODER

Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach
thales.coutinho@hotmail.com  


Vivemos num mundo dominado por homens, e pela cultura retroalimentadora de que “somente os homens podem dominar”. No entanto, existem casos de mulheres que conseguem um destaque que muitos homens nunca tiveram no campo da ciência, da política e dos negócios.
Marie Curie
Talvez, um dos exemplos mais notáveis seja o da cientista polonesa Marie Curie (1867-1934) que numa época ainda mais machista que a nossa, conseguiu se destacar na ciência, ao ponto de ser duas vezes laureada com o Prêmio Nobel: um de Física, em 1903, pela descoberta da radioatividade; e outro de Química, em 1911, pala identificação dos elementos Rádio e Polônio.
Apesar de Curie não ser a única mulher cientista da área de exatas que se destacou internacionalmente, percebemos que a ciência – no geral – ainda é um terreno predominantemente masculino. Isso tem a ver com a própria maneira de funcionar que é distinta entre os sexos, de maneira que devido a uma tendência maior a sistematização, os homens tenderiam a se interessar mais pelas ciências exatas, enquanto que as mulheres teriam um interesse maior pelas artes (ver minha palestra: “Cérebro Empático & Cérebro Sistemático” para entender melhor).
Robert Rydell - Indiana University
Porém, além dessa diferença na natureza humana, uma pesquisa publicada há poucos dias por dois psicólogos sociais (Van Loo e Robert Rydell) na Personality and Social Psychology Bulletin, identificou outro mecanismo que pode ser responsável pelo fato de “Marie Curie” ser uma exceção à regra: o fardo do estereótipo.
Daí você deve estar pensando: “Mas isso é óbvio! Todo mundo sabe que o preconceito prejudica as mulheres!”. Concordo. Todavia, o grande barato dessa investigação foi que ela descobriu um recurso realmente eficaz para reduzir os efeitos negativos desse estereótipo sobre a performance individual, e o melhor é que esta estratégia não envolve nenhum tipo de manifestação agressiva, que pode gerar violência ou constrangimento social.
Em suma, eles identificaram que a sensação de poder imuniza as mulheres contra o estereótipo social de que “elas não são boas com números”. A pesquisa induziu um grupo de mulheres a sentir que tinham poder para resolver um exame de matemática (por exemplo, fazendo-as lembrar de alguma situação em que desempenharam alguma atividade com perfeição), enquanto o outro grupo não recebeu qualquer indução. O desempenho daquelas que foram incentivadas a crer no próprio poder de resolver problemas matemáticos foi significativamente maior, e o que estava fazendo a ponte entre as duas coisas (poder e desempenho) era a memória de trabalho (o aspecto da memória, crucial para a matemática, que nos permite manipular informações na mente enquanto desempenhamos alguma tarefa). Nas mulheres que não estavam cientes do seu poder, a memória de trabalho estava menos operante durante o exercício, enquanto que nas que foram induzidas a reconhecer o próprio poder estava funcionando normalmente.
Isso significa que o poder não cria a capacidade em si. Ele apenas protege as mulheres, liberando-as das amarras do estereótipo de “não ser boa em matemática”, preservando sua memória de trabalho e permitindo que elas expressem sua verdadeira capacidade.
Muito provavelmente, além de um estilo cognitivo sistemático e de uma inteligência privilegiada, um grande fator que contribuiu para a ascensão de Marie Curie (e outras tantas mulheres cientistas que enfrentam o preconceito) foi a consciência do poder. Em suma, ela sabia que podia fazer, então foi lá e fez!
Os pesquisadores são cautelosos quanto a generalizar os resultados desta pontual investigação, porém, é possível que este efeito da sensação de poder sobre a redução do estereótipo não se restrinja às mulheres, podendo ser utilizado no cotidiano de cada um, para aprimorar nossa performance diante da preservação de nossa memória de trabalho. Talvez valha a pena, antes de fazer uma prova, ou de apresentar algo na empresa, dedicar alguns minutos para se recordar de uma situação real do passado em que seu desempenho foi muito bom e partir para a resolução da problemática, ciente desse poder individual.



Referências:

LOO, K. RYDELL, R. On the experience of feeling powerful: perceived power moderates the effect of stereotype threat on women's math performance. Personality and Social Psychology Bulletin, vol. 39, n° 3, 2013.
Reportagem na MedicalExpress: Feelings of power can diffuse effects of negative stereotypes, study says. Disponível em: http://medicalxpress.com/news/2013-04-power-diffuse-effects-negative-stereotypes.html


Fonte das Imagens:

Marie Curie: http://www.neurope.eu/sites/default/files/imagecache/400xY/Marie%20Curie.jpg
Robert Rydell: http://www.psychologicalscience.org/redesign/wp-content/uploads/2011/08/Rydell_Robert.jpg
Feeling Powerful: http://www.handmaderesults.com/wp-content/uploads/strength.jpg

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Tenha um dia PLENO!

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