quarta-feira, 31 de julho de 2013

TEXTO: O que não mata (às vezes) fortalece

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O QUE NÃO MATA (ÀS VEZES) FORTALECE
Thales Vianna Coutinho
Psicólogo (CRP12/10175)
Personal & Professional Coach


Investigações anteriores já demonstraram que uma situação traumática tem o potencial para abreviar a nossa vida, principalmente devido às ações que o cortisol (hormônio do stress) exerce no nosso DNA, reduzindo - principalmente - o tamanho do telômero.
Por isso que esta pesquisa publicada na última quarta-feira no periódico PLoS ONE é tão interessante e está causando tanto reboliço. Afinal, ela conseguiu demonstrar uma exceção muito significativa a essa regra de que o stress crônico reduz a expectativa de vida.
Eles compararam os dados de mais de 55 mil judeus e judias que emigraram da Polônia por volta dos 20 anos de idade, antes e depois do início da segunda guerra mundial. Mais especificamente, antes e depois do Holocausto.
Abraham Sagi-Schwartz
Conforme Abraham Sagi-Schwartz, coordenador desta investigação: "Os sobreviventes do holocausto não apenas sofreram graves traumas psicológicos, mas também desnutrição, falta de higiene e restrição do acesso a médicos, o que nos levava a crer que essas privações acarretariam numa menor saúde e consequentemente uma redução da expectativa de vida". (fonte: The Jerusalem Post)
Surpreendentemente, identificaram que, no geral, a expectativa de vida dos sobreviventes ao Holocausto era pelo menos de 6 meses maior que a das pessoas que não viveram na pele este regime. Ao refinar os dados, os cientistas descobriram que, na realidade, não havia uma diferença na longevidade entre mulheres, mas que entre os homens essa diferença chegava a ser de 14 meses. Isso significa que os sobreviventes deste que foi um dos maiores massacres da história recente, mesmo tendo sofrido todas as adversidades, viveram mais que aqueles que não passaram por esse período negro.
Os autores propõem que esta diferença pode ser explicada pelo "crescimento pós-traumático" (Posttraumatic Growth). Ou seja, a vivência constantemente estressante do Holocausto aumentou a capacidade de resiliência, além de desenvolver muito as habilidades interpessoais dos sujeitos, que precisavam disso para sobreviver.
Ainda de acordo com o professor Sagi-Schwartz: "Os resultados desta pesquisa nos dão esperança e nos ensinam um pouco mais acerca da resiliência do espírito humano quando confrontado com eventos brutais e traumáticos, como o Holocausto". (Fonte: MedicalExpress).
Uma interpretação alternativa, também considerada pelos autores, é de que os indivíduos mais vulneráveis às adversidades acabaram perecendo durante este período, e sobreviveram apenas aqueles com uma melhor condição de saúde geral, o que explica porque estes viveram bastante tempo (na realidade, eles já viveriam mais tempo que a média, em condições normais).
Independente da explicação para o fenômeno (que precisará ser melhor testada em futuras investigações), esta pesquisa contribuiu para demonstrar que muitas vezes o “óbvio” não está necessariamente correto. E, por isso, é sempre importante que sejam feitas novas pesquisas para por à prova velhas concepções.


Referência:
SAGI-SCHWARTZ, A. BAKERMANS-KRANENBURG, M. LINN, S. IJZENDOORN, M. Against all odds: genocidal trauma is associated with longerlife-expectancy of the survivors. PLoS ONE, vol. 8, n° 7, 2013.
Reportagem no "The Jerusalem Post". ‘Male Holocaust survivors have longer life expectancy’. Disponível em: http://www.jpost.com/Health-and-Science/Male-Holocaust-survivors-have-longer-life-expectancy-321454
Reportagem da MedicalExpress. Male Holocaust survivors have a longer life-expectancy. Disponível em: http://medicalxpress.com/news/2013-07-male-holocaust-survivors-longer-life-expectancy.html

Fonte das Imagens:
Holocausto = http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capas/historia-geral/imagens/holocausto.jpg
Sagi-Schwartz = http://www.ushmm.org/research/center/fellowship/fellows/2012/images/sagi-schwartz.jpg

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Tenha um dia PLENO!

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